O
Fabuloso Destino de Amélie Poulain
Le
fabuleux destin d’Amélie Poulain
Filme:
francês
Direção: Jean Pierre Jeunet
Ano:
2001
Le
fabuleux destin d'Amélie Poulain é um filme francês de 2001, dirigido por
Jean-Pierre Jeunet e com roteiro de Guillaume Laurant. No quesito premiação, em 2002, ganhou Melhor
Roteiro Original e Melhor Desenho de Produção no BAFTA, Prêmio da Audiência no
Festival Internacional de Edimburgo, Prêmio do Público no festival de cinema de
Toronto e Prêmio Adoro Cinema de Melhor Atriz Revelação (Audrey Tautou no
papel-título), além das várias indicações: cinco ao Oscar, uma ao Globo de
Ouro, sete ao BAFTA, treze ao César e uma ao Grande Prêmio Cinema Brasil.
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Pertence
ao gênero comédia romântica, entretanto há traços de fantasia, uma
característica de Jeunet é misturar o universo fantástico à realidade além da
pitada de humor infantil.
O filme começa com o narrador nos contando
eventos mínimos, aleatórios e simultâneos à fecundação que originará a menina
Amélie Poulain (Flora Guiet). Em seguida, conta como é sua infância sem contato
com outras crianças, como são seus pais, como é sua relação com eles e as
desventuras pelas quais a pequena Amélie passa. Seu único amigo é um peixinho
que por não aguentar o clima estranho da família constantemente tenta se
suicidar. Após uma dessas tentativas, a mãe da garota se estressa e joga ele no
rio da cidade enquanto a menina assiste a cena sem poder fazer nada.
E então, após traçar todo esse perfil,
mostra-a crescida, já em 1997, saindo de casa para morar no bairro Montmartre
(famoso pela animada vida noturna e por ter se tornado ponto de encontro de
artistas e intelectuais) e trabalhar de garçonete no café "Les 2
Moulins" (que se transformou em atração para fãs do filme que vão lá tomar
algo e ver o gnomo do filme que permanece lá).
Todos os personagens nos são apresentados
mostrando do que gostam ou em alguns casos do que desgostam, o que é importante
para se traçar seus perfis já que a história valoriza os detalhes.
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Um evento indicado na história é a morte de
Lady Di. Ao assistir a notícia do acidente, Amélie (Audrey Tautou) derruba um
objeto que bate no ladrilho mostrando um esconderijo no apartamento antigo onde
o morador anterior havia escondido um "tesouro" quando criança. A
jovem então é motivada a entregar anonimamente a caixinha ao dono, fazendo de
tudo para descobrir quem ele é. Um outro morador do prédio, Joseph (Dominique
Pinon), o "Homem de Vidro", a ajuda dizendo que é Dominique Brotodeau
(Maurice Bénichou) quem ela procura. A partir da reação do Sr. Brotodeau ao
receber o seu tesouro de infância, Amélie ganha gosto em ajudar as pessoas a
seu redor através de pequenos atos e estratagemas.
Ajuda desde um cego na rua até suas colegas
de trabalho, seus vizinhos e tenta ajudar seu pai que vive em luto a viajar
através do gnomo que ele tanto adora. Começa a ter uma certa proximidade com
Joseph e com ele a ajuda torna-se mútua. Mas a jovem não faz apenas boas ações
como também ataca de justiceira fazendo "travessuras" com quem é mau
na visão dela, uma das comicidades do filme.
Em meio a todos esses fatos ela se apaixona
à primeira vista por um rapaz e, por pura timidez e falta de trato nas relações
interpessoais, começa a fazer um jogo de pistas para que ele a encontre. Ele,
Nino Quincampoix (Mathieu Kassovitz), é tão 'estranho' quanto ela. Trabalha
numa sex shop e no trem fantasma de um parque, coleciona fotografias
instantâneas que as pessoas jogam fora, é fissurado por um determinado senhor
que tem dessas fotos espalhadas por todas as máquinas da cidade e embarca na
aventura que é tentar conhecer a moça que encontrou seu álbum perdido.
No decorrer da trama amizades são
consolidadas, benfeitorias são realizadas, peraltices são feitas e
principalmente o ponto alto da história pode ser sentido: o prazer nas pequenas
coisas e nas sensações que elas causam. Amélie é uma personagem sensível que
procura esses pequenos prazeres cotidianos e isso é incrível.
Quanto à fotografia do filme posso dizer
que é encantadora e ouso dizer magnífica. Como se pode perceber as cenas são
cotidianas entretanto há a fantasia característica do diretor mais uma vez nos
detalhes: de iluminação, em cenas como a do coração de Amélie visível e
disparando, da cópia da chave em seu bolso como se tivéssemos visão de raio-x,
dos casais tendo orgasmos simultaneamente, na escolha de cores
predominantemente contrastantes.O verde, o vermelho e o amarelo sempre
presentes nas cenas, harmonizando e disputando a atenção dos espectadores.
Curiosamente, essa escolha de cores foi inspirada no trabalho do artista
plástico brasileiro Juarez Machado.
A respeito da trilha sonora digo que muito
me agrada e combina bem com o clima das cenas e da história. Sendo em sua
maioria instrumental, remete bem aos ares franceses, ora animadas, ora
tranquilas, ora soando quase como canções de ninar. Essa trilha foi composta
por Yann Tiersen. Conheci as canções antes de ver o filme e foi uma das
motivações para querer assisti-lo o quanto antes.
Além
de todos esses pontos que ressaltei aqui, o filme contém muitos outros e nos
mostra como determinados fatos moldam o caráter e a visão do mundo de uma
pessoa. Espero que tenham gostado e que se ainda não assistiram a esse filme se
interessem por assisti-lo. Se quiserem acrescentar algo, por favor, sintam-se à
vontade, a caixa de comentários estará sempre aberta.
(by Mary Andrade – http://resenhacinefila.blogspot.com.br)