Acordei
um pouco zonza, mas ainda assim melhor que ontem, após a dolorosa despedida de Le Chanteur e sem saber que significado atribuir ao sonho desta
noite, o peito ainda sufocado pela separação. Era cedo e decidi aproveitar o
dia. O primeiro dia de volta a Paris,
após a longa temporada no Brasil.
Muito
frio durante a manhã, atravessei o bairro judeu e deixei-me envolver pelo
quadrado da Place des Vosges, a primeira Place Royal. Eu considero a Place des
Vosges, situada no Marais, uma das mais
bonitas de Paris. É também a mais antiga praça planejada de Paris . No meio,
envolta na moldura dos edifícios que a balizam, está Luís XIII a pedido de
Richelieu, uma das poucas estátuas que sobreviveram à Revolução.
Terá sido esta praça magnifica, que encerra em si uma harmonia
desconcertante entre a ritmo simétrico das fachadas e a cadência da arcada que
a sustenta, que influenciou a construção de todas as outras que lhe sucederam
nos séculos do Absolutismo.
Sem querer buscar resposta imediata para o questionamento, preferi
descansar e apreciar o cenário frio, pois o coração ainda está no Brasil,
apenas o corpo se faz presente aqui.
A Place des Vosges, Paris, dezembro de 2012.
Anne Belle