Na semana passada saí de casa bem cedinho com destino ao Aeroporto Charles
de Gaulle. O voo do Brasil chegaria às 10 h, e eu não queria deixar le Chanteur
esperando no hall do aeroporto por nada, ainda mais que o frio e a neve estavam
intensos, e preocupada com a aterrissagem. Estava completamente ansiosa, talvez
também pela saudade, pelo cheiro do meu lindão que chegava para descansar e
curtir as férias "solito". Sai do metrô Voltaire/Léon Blum e não me
recordo em qual estação de metrô que li um poster sobre a exposição dedicada a um
dos maiores músicos de jazz na França, Django Reinhardt. Logo pensei em le Chanteur que é
muito fã deste violinista. A exposição acontecia no Musée de de la Musique.
Cheguei ao Charles de Gaulle, e ainda esperei algum tempo pela chegada de
le Chanteur, que de cabelos curtos e sem o chapéu característico estava um
verdeiro charme, mais jovial. Assim que ele percebeu minha presença, enquanto
retirava as malas da esteira, fez sinal que estava com o coração ‘saltando’ e
com as mãos me mandou beijinhos. Ai que impaciência, não via o momento de me
atirar em seus braços, enlaçar-me em seu pescoço e beijá-lo.
Em 15 minutos, tudo foi possível, quando a porta de vidro se abriu, meu
coração também parecia estar na boca. Vi que ele puxou a mala e armou o
descanso, soltando a mão e abriu os braços. Não me contive em meio as pessoas,
e atirei-me nos seus braços. Ficamos algum tempo nos apertando, como dois
adolescentes, que não se preocupam com a cena. Matamos a saudade do cheiro, do
calor de nossos corpos, da proximidade da face e do sabor daquele beijo caloroso,
delicioso.
Tomamos um táxi e no caminho, falamos das novidades rapidamente e depois
contei a ele sobre a exposição Django Reinhardt. Le Chanteur mostrou-se
animadíssimo para visitar a Cité de la Musique.
O táxi parou em nossa porta, le Chanteur, desacostumado a rotina francesa, deu ares de um pequeno estranhamento, pagou o motorista, retirou a mala e
entramos. Nosso ninho estava na mesma proporção da saudade... e passamos o
restante do dia frio, convidativo para um caldo e um bom vinho... em casa.